Então vamos começar o blog pelo…começo: A origem, história e significado da palavra LÉSBICA. Para isso, precisamos viajar no tempo. Uma longa viagem de volta para uma época em que não existia Bolsonaro (que mágica, não?!) e nem mesmo Jesus Cristo – o famosíssimo filho do Todo Poderoso. Mais precisamente, voltamos para o século 6 antes de Cristo (a.C.).
Nossa Afirme, mas por que tão longe?
Calma, vamos explicar! Nessa época, na Grécia, existiu uma mulher chamada Safo. Ela viveu em uma ilha grega que se chamava Lesbos e, segundo consta nos poucos – mas importantes – registros, teve uma vida notória, dedicada à poesia e à filosofia. Conhecida como Safo de Lesbos, ela produziu obras que abordavam ideias de gênero, de amor, de desejo e de dor. Você já pensou no que significa uma mulher, no século 6 a.C., pensar e escrever sobre esses temas? Pois é!
E foi daí que, possivelmente, surgiu a palavra Lésbica! Com significado original de “alguém de Lesbos”, ao longo dos anos passou a ser utilizada para designar mulheres que têm relações e desenvolvem sentimentos afetivos e sexuais por outras mulheres. Uma palavra que está diretamente ligada à Safo, uma vez que a história nos conta que ela relacionava-se com outras mulheres e, inclusive, falava sobre isso em suas obras. Safo criou, também, uma escola para mulheres onde recebia alunas para o estudo das artes, da música, da poesia e da dança. Algo bastante revolucionário, considerando que estamos olhando para o período histórico da Antiguidade, estruturado e dominado pelos homens.
Foi pouco o que restou das produções de Safo, mas suficiente para colocá-la em posição de destaque e dimensionar a importância que teve para a sociedade de sua época e que perdura até os dias de hoje. Conhecer Safo de Lesbos pode nos trazer novas dimensões para a palavra Lésbica. Falamos aqui sobre a potência da mulher que ousa pensar, que ousa escrever, que ousa estudar e formar outras mulheres. Da potência da mulher que se atreve a amar e falar sobre o desejo por outras mulheres. Da potência da mulher que resiste em uma sociedade dominada pelos homens. O tempo histórico talvez nos distancie dessa mulher. Mas a realidade, que mudou tanto mas que às vezes parece tão igual, nos aproxima. E é por isso que seu legado importa e precisa continuar vivo!
Mas Afirme, o que o tamanho do sapato tem a ver com isso?
Eis que a palavra lésbica é apenas uma das utilizadas para se referir à mulher homossexual. Outra bastante conhecida é SAPATÃO, que muitas, muitas vezes é empregada de forma pejorativa e preconceituosa. Quem nunca ouviu a expressão “Maria Sapatão”, por exemplo?
Existem diferentes informações sobre a possível origem do termo sapatão. Uma das mais consistentes estaria realmente associada ao tamanho do sapato e teria surgido na década de 70. Algumas mulheres lésbicas, diante dos modelos delicados e apertados dos sapatos considerados femininos, optavam por usar sapatos ditos masculinos, que seriam maiores, menos enfeitados e mais confortáveis. Pronto, estaria criada a expressão e seria utilizada, inclusive, de maneiras bastante agressivas e estereotipadas para se referir às mulheres que não seguiam os padrões da feminilidade.
Já a marchinha de carnaval “Maria sapatão, sapatão, sapatão. De dia é Maria, de noite é João” foi criada um pouco depois, na década de 80, e se popularizou pelo país bastante impulsionada pelos programas de auditório televisionados da época. Popularizou também a palavra sapatão e a associação da lesbianidade com a adoção de comportamentos masculinos – algo que pode ser bastante ofensivo para muitas mulheres.
Ocorre que ao longo dos anos e das mudanças da sociedade, lentas e dolorosas, temos visto e vivido uma ressignificação do termo sapatão. O que era uma forma de agressão, tornou-se – para muitas, mas nem todas – um grito de resistência e de liberdade. Na batalha contra o machismo e a homofobia, mulheres lésbicas se referenciam sapatão como forma de afirmar suas existências. A força da mulher sapatona que luta para sobreviver e viver com dignidade em um mundo ainda tão patriarcal e heteronormativo.
Agora um poema:
“Pois, quando te olho por um
momento, já não sou capaz de dizer nada, a minha língua
silenciosamente gela e imediatamente um fogo subtil corre sob a
minha pele. Deixo, subitamente, de ver, os meus ouvidos zunem e um
suor frio cobre o meu corpo, dominado por intenso tremor. Fico então
mais verde do que a erva e pareço pouco distante de morrer.” (Safo)
e uma música:
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Referências:
Safo, a poeta da ilha de Lesbos cuja visão sobre amor e sexo atravessou 2.600 anos
Safo das Lesbos, a poeta Queer que a heterossexualidade tenta apagar
Pequena História da Arte: Safo de Lesbos
Sapatão enquanto rizoma: desterritorialização da lésbica
Sapatão não é bagunça: Estudo das organizações lésbicas da Bahia
A noite em que as sapatão também tomaram o poder
Sapatão, bicha, viado: os possíveis motivos para chamarem LGBTs assim
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Gratidão por mais essa informação maravilhosa 🌻🏳️🌈🦋😘
Oi Bárbara! Já tinha lido a origem… Sou Cristã! Jesus é tudo na minha vida, li seu comentário referente Jesus e percebi, talvez, uma repulsa e que deve ter seus motivos. Senti no meu coração de escrever e lhe dizer que Jesus ama muito você… Ele ama muito, muito, muito, mas muito você. Muitos igrejas pintam Jesus como um carrasco, mas não. Jesus que me livrou da morte, depressão… Amo sua vida! Deus te abençoe querida! Keiner e Júlio (não abro meu e-mail/perdi a senha